Idoso morre depois de passar 77 dias no HU; Ele só conseguiu vaga depois de ordem judicial
Falta de lençóis também foi dada como justificativa à família pela ausência da vaga
Acamado por dois anos, por conta de uma fratura no fêmur, Waldemiro Melgarejo, 80, faleceu no dia 28 de abril no Hospital Universitário, depois de passar 25 dias internado no HV (Hospital da Vida) e mais 77 dias no HU (Hospital Universitário). Com diversas escaras - feridas que aparecem na pele de indivíduos que permanecem muito tempo na mesma posição, e uma fístula uretal, a família precisou de uma intervenção judicial para conseguir uma vaga, e de outra ordem para mantê-lo em tratamento.
Segundo o filho de Waldorimo, Edson Carlos Concha Melgarejo, 31, no dia primeiro de janeiro seu pai foi internado no HV, ele teve alta no dia 28 porque o hospital não tinha condições de tratar as patologias por conta do alto risco de infecção. “Durante todo o tempo que ele esteve internado no Hospital da Vida tentamos a transferência para o HU mas, não conseguíamos. Esta mesma história da falta de lençóis que foi noticiada recentemente nos foi dita, e não é algo novo, eu consegui com os próprios funcionário dois comunicados internos, um de 9 de agosto de 2012 e um de 8 de março de 2013, relatando a mesma situação”, contou o mestre de obras.
COMUNICADO DE 08 DE MARÇO DE 2013
COMUNICADO DE 09 DE AGOSTO DE 2012
|
Depois de uma decisão judicial o idoso foi internado no HU no dia 9 de Março para que uma cirurgia fosse realizada. Nove dias depois o hospital quis liberar o paciente. Segundo o laudo ele receberia alta ”por apresentar cura do quadro de infecção urinária e melhora significativa das úlceras”. Quanto a cirurgia, o documento relata a posição do urologista que” contra-indica o procedimento cirúrgico devido ao avançado estado de desnutrição do paciente, que mediante tratamento intensivo, poderá demorar meses, senão anos, para sua resolução”.
Novamente através do Juizado Especial de Dourados, Edson conseguiu que o pai permanecesse sob os cuidados do hospital depois que uma perícia concluiu que ele não tinha condições de receber alta. “Meu pai era tratado com dipirona e gritava de dor”, desabafou Edson.
A família chegou a procurar a ouvidoria do HU para reclamar da conduta antiética de um os médicos. Segundo o relato, ao questionar o profissional sobre os riscos da cirurgia a família não obteve respostas e foi tratada com desrespeito.
Waldomiro faleceu a meia noite do dia 28 e a esposa e os filhos só foram informados 10 horas depois. “Depois de tudo que passamos para tentar dar um tratamento digno ao meu pai ainda nos faltaram com respeito no seu último momento. Minha mãe chegou às 6h no hospital e ninguém dizia onde meu pai estava, somente as 10h ela ficou sabendo do falecimento e pode ver o corpo apenas ao meio dia. O corpo dele ficou em uma salinha sem ar condicionado por 12 horas, com todas as feridas que tinha somadas ao lugar indevido em que ficou, pude velar meu pais por apenas 4 horas”, finalizou o filho.
Edson esclareceu que até o momento a causa da morte não foi esclarecida. O atestado de óbito cita apenas escaras. “Estou aqui contando tudo isso para denunciar o descaso que toda minha família passou, não desejo isso para ninguém, meu intuito é que os culpados sejam apontados e isso não ocorra mais”, finalizou.