Ideia de ciclofaixa na Marcelino partiu de aliado do prefeito que desconhece Código de Trânsito

Vereador Maurício Lemes sugeriu para ciclofaixa uso já previsto em norma vigente em todo o país

A polêmica ideia de pintar uma ciclofaixa em plena via rápida da Avenida Marcelino Pires, em Dourados, partiu de um aliado do prefeito Murilo Zauith (PSB) na Câmara Municipal. O vereador Maurício Lemes (PSB) anuncia em seu próprio blog que sugeriu ao chefe do Executivo a implantação dessa área e demonstra desconhecer o CTB (Código de Trânsito Brasileiro).

Conforme noticiado pela 94 FM na semana passada, a pintura feita na maior e mais movimentada rua da cidade coloca em risco a vida de ciclistas desavisados. Sem qualquer orientação por parte dos “amarelinhos” da (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), eles circulam pela faixa da esquerda sem saber que a mesma destina-se ao uso em lazer somente aos domingos a partir de maio.

MAIS CONFUSÃO

Mas esse esclarecimento não chega até os usuários da via. O próprio parlamentar, embora tenha tido a ideia de pintar a faixa, não propôs que os agentes de trânsito monitorem a área ou orientem eventuais ciclistas desavisados. Pelo contrário, depois da polêmica pintura, Maurício Lemes agora defende que a faixa seja utilizada por veículos oficiais em ocorrências, o que só aumenta a confusão.

Quando sugere a utilização da ciclofaixa para trânsito rápido de ambulâncias, o parlamentar desconsidera que essa orientação já existe. De acordo com capítulo III do artigo 29 do CTB, que trata das normas gerais de circulação e conduta, é estabelecido que a faixa da esquerda é destinada para veículos oficiais que sinalizarem deslocamento em ocorrências.

“Quando os dispositivos estiverem acionados, indicando a proximidade dos veículos, todos os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita da via e parando, se necessário”, estabelece o CTB.

Ao propor algo que já é previsto em norma para todo o território nacional, o vereador Maurício Lemes, além de demonstrar desconhecimento quanto ao CTB, causa nova confusão. Com a ciclofaixa pintada por sugestão dele, viaturas de resgate vão precisar dividir a faixa da esquerda da Marcelino Pires com ciclistas caso haja chamados para ocorrências aos domingos.

CRÍTICAS

Essa pintura na mais movimentada avenida de Dourados gerou uma série de críticas por parte da população. Na reportagem publicada pela 94 FM na sexta-feira passada, a maior parte dos 40 comentários liberados (manifestações hostis ou desrespeitosas que ferem as condições de uso não foram liberadas) demonstra o descontentamento dos douradenses.

“Por que não usou o canteiro central para criar uma pista para ciclista e até mesmo de caminhada, como no prolongamento da Marcelino?”, questionou o leitor Vagner Dos Reis Guilherme. “Agora quem vem de fora, tem que ter um manual de Transito Municipal”.

Já o leitor identificado como Giba dispara: “Tantas coisas melhores para arrumar em Dourados o camarada gastando dinheiro público em asfalto com pinturas sem segurança. Arrume os buracos, aliás, as erosões em certos pontos da cidade. Só me faltava essa”.

Carlos foi além e levantou questionamentos. “Sabemos que o grande público, trabalhador, que necessita de uma ciclovia na principal avenida da cidade não será atendido. Por que a Prefeitura não cria um projeto sério e adéqua uma ciclo via no canteiro central como fez a capital do Estado?”. “Projetos sérios demandam dinheiro, planejamento e orientação para a população. Projetos como o atual são mais baratos, pouco eficientes e geram problemas maiores. Quem será a classe de ciclistas atendidas por esta ciclovia de domingo?”.

A leitora Luzinete Pedroso também manifestou preocupação com a iniciativa da prefeitura. “Olha isto é complicado. Na distração muitos motoristas nem vão se lembrar o dia da semana e nem os ciclistas, ainda mais na via rápida, mas tomara que dê certo. Fico na torcida, pois adoro andar de bike”, pontuou.

Luciano Silva foi outro leitor que questiona a ciclofaixa em plena Marcelino Pires. “Isso é muito perigoso, além de não diminuir os acidentes eles querem mudar o trânsito. De qualquer jeito numa avenida que tem sinalização no asfalto de 60 kmh e veículos que anda a mais de 80 kmh. Não tem condições de frear numa velocidade dessas”.