Hospital da Ebserh na Grande Dourados é o terceiro do país em internações e partos de indígenas

Crescimento do número de atendimentos no HU-UFGD é resultado de uma série de ações nas áreas assistencial e de ensino

  • Assessoria/Ebserh
A assistência e o ensino ultra´passam os muros do HU-UFGD, indo até as aldeias (Foto: Divulgação/Ebserh)
A assistência e o ensino ultra´passam os muros do HU-UFGD, indo até as aldeias (Foto: Divulgação/Ebserh)

Pioneiro na implantação de um programa de residência e referência na atuação dentro da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas no Mato Grosso do Sul, com abrangência de 33 municípios, o Hospital Universitário da Universidade da Grande Dourados (HU-UFGD), da Rede Ebserh, é o terceiro do Brasil e o maior fora da região Norte em internação de integrantes da população indígena. Em 2022 foram internados 1.181 pacientes, o que representou um aumento de 19,29% em relação ao ano anterior, com 990 internações.

Os números do ano passado representam 11,8% dos pacientes indígenas nos 10 hospitais brasileiros com mais internações deste público, segundo o DataSUS. No mesmo período, o número de consultas ambulatoriais para pacientes indígenas cresceu 35%, chegando a 605 atendimentos, e, na mesma linha, o HU-UFGD é o terceiro hospital com maior número de partos de indígenas no País, com 544 atendimentos.

Esses são os resultados de medidas adotadas ao longo dos anos, que se refletem em outros dados, como o aumento no número de indígenas grávidas com consultas regulares, e são importantes diante de estatísticas ainda preocupantes, como as de estado nutricional e de mortalidade infantil. Por isso, os serviços estão sendo fortalecidos, com participação da população indígena e criação de instâncias que possibilitam a oferta adequada para estas comunidades.

O superintendente do HU-UFGD, o médico intensivista Hermeto Macario Amin Paschoalik, disse que o número pode ser ainda maior, pois estão sendo feitos ajustes no Aplicativo de Gestão dos Hospitais Universitário (AGHU) para detalhar os atendimentos feitos a esta população, considerando dados como etnia, aldeia ou acampamento, entre outros.

 “O importante, no entanto, é que estamos fortalecendo estes serviços e esses dados já mostram isso”, disse o gestor, explicando que a atuação se dá tanto na assistência, quanto na formação de profissionais com ênfase na atenção à saúde dos povos indígenas, respeitando práticas tradicionais e, ao mesmo tempo, ofertando todos os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) para esta população. As ações consideram a política de humanização para este atendimento, como a criação de uma portaria, em dezembro do ano passado, que autoriza a presença de um acompanhante da escolha do indígena internado, em tempo integral.

 Representatividade

O estado de Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do Brasil, com 80.459 moradores em aldeias e acampamentos de oito grupos étnicos: Guarani Nhandevá (denominado Guarani), Guarani Kaiowá (denominado Kaiowá), Terena, Kadwéu, Kinikinaw, Atikun, Ofaié e Guató, sendo as de maior predominância os Guaranis, os Kaiowás e os Terenas. Dourados tem a maior população aldeada do Estado.

Segundo Hermeto Paschoalik, ao longo dos últimos anos, o hospital adaptou-se para atendimento a casos relacionados à pandemia da Covid-19, inclusive para a população aldeada, e a partir do ano passado retomou programas específicos dentro da Política de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. “Uma dessas ações é o fortalecimento do Núcleo da Saúde Indígena (NIS), que passou a se constituir como um comitê, com a participação e atuação de representantes das comunidades indígenas e da universidade, que tem forte atuação nesta área”, disse.

A criação do NIS, em 2018, foi um dos marcos do HU-UFGD nesta área, já que, com ele, o HU passou a cumprir os requisitos necessários à habilitação pelo Ministério da Saúde para fazer jus ao Incentivo para Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-PI), recurso essencial ao progresso das ações de melhoria previstas pela instituição, garantindo atendimento à população indígena dentro dos preceitos do SUS.

 “Ensinar para Transformar o Cuidar”

O atendimento não é feito exclusivamente no hospital, pois os profissionais que estão se formando no HU atuam a partir da atenção básica nas aldeias, que fazem os referenciamentos para os serviços de média e alta complexidades. Em todas essas fases, atuam profissionais da Residência Multiprofissional (Resmulti) do HU-UFGD. Na residência de Saúde Indígena, por ano, são formados seis profissionais (dois enfermeiros, dois nutricionistas e dois psicólogos).

De acordo com o secretário da Comissão de Residência Multiprofissional, Wesley Eduardo Ferreira, a estrutura de atendimento do HU-UFGD permite a presença destes profissionais desde a atenção básica até os serviços hospitalares mais complexos. “Cada programa de residência tem que desenvolver atividades práticas, dentro e fora do hospital”, disse Wesley.

A coordenadora da Residência Multiprofissional com Ênfase na Atenção à Saúde Indígena, Jacqueline Fioramonte, explicou que o programa coloca estes profissionais em contato com a cultura dentro dos territórios indígenas, para que tenham a expertise necessária. “Um dos princípios doutrinários do SUS é a equidade, que significa atender os diferentes de forma diferente, e se esta população tem características próprias, é preciso formar profissionais que entendam e respeitem estas características”, disse.

“A residência tem o perfil dialógico. O residente é instruído a respeitar as formas tradicionais de tratamento, sem ferir os preceitos básicos de saúde do SUS”, explicou, acrescentando que há casos, por exemplo, em que os residentes ajudam a receber líderes religiosos para administrar as práticas tradicionais em pacientes indígenas internados.

 Saiba mais:

O serviço de atenção à saúde indígena é um subsistema do SUS criado sob demanda das próprias comunidades, que tem o objetivo de atuar na gestão da saúde indígena, no sentido de proteger, promover e recuperar a saúde deles, bem como orientar o desenvolvimento das ações de atenção integral à saúde indígena e de educação em saúde segundo as peculiaridades, o perfil epidemiológico e a condição sanitária de cada Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), que se baseia em um modelo de gestão e de atenção descentralizado, com autonomia administrativa, orçamentária, financeira e com responsabilidade sanitária.

Toda esta organização está dentro da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) é a área do Ministério da Saúde, responsável por coordenar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASISUS), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o território nacional.

 Sobre a Ebserh:

Hospital Universitário da Grande Dourados (HU-UFGD) faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.

Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Os hospitais universitários são, por sua natureza educacional, campos de formação de profissionais de saúde. A Rede Hospitalar Ebserh não é responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país, apenas atua de forma complementar ao SUS.


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