Grupo invasor do Dioclésio Artuzzi dá versão e pede apoio dos que foram contemplados e da sociedade
Em relação à reintegração de posse, eles disseram que não estão querendo brigar, mas que não vão desistir das casas
A 94FM foi procurada na manhã desta terça feira (14) por uma comissão de pessoas formada pelos invasores do conjunto residencial Dioclésio Artuzzi III para dar a versão deles para os fatos ocorridos no último sábado, onde cerca de 450 famílias tomaram posse das casas que ainda estão sendo construídas e não foram entregues.
Entre adultos e crianças, mais de 1.400 pessoas estão envolvidas na invasão e garantem que “vão lutar por dignidade e direito à moradia”. Mesmo reconhecendo a ilegalidade da invasão, o grupo informa que não viu outra solução, pois, há famílias que não tem mais a mínima condição financeira e nem para onde ir.
Paulo César Fernandes declarou que todos os invasores tem conhecimento sobre as ações judiciais que podem sofrer e disparou: “É uma pena que no Brasil só o pobre vá preso. Olha o escândalo que tem aí envolvendo políticos e vários estão soltos”.
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Sem saber que tipo de penalidade o grupo pode sofrer, até mesmo penal, Paulo César complementou dizendo que “se um juiz tiver coragem de processar um de nós, trabalhador e pai de família, pode ter certeza que futuramente essa pessoa poderá se tornar um marginal. Por que não terá mais dignidade”.
De acordo com João Alves da Silva, o movimento não quer briga com ninguém, nem com as autoridades, mas não estão dispostos a sair. “Não temos a quem recorrer, vamos fechar BRs, invadir a prefeitura, seja o que for, mas precisamos das casas”, informou.
Em relação aos saques e vandalismo que estão ocorrendo, o grupo relata que estão acontecendo pelos oportunistas da situação, assim como outras pessoas que invadiram o conjunto e não precisam. “Tem carrões, pessoas que já tem casa, menores de idade e em situação irregular. Apoiamos que estas pessoas saiam e abra a vaga para uma família que realmente precisa”, informou Paulo César.
Para eles, o sistema do sorteio das casas, realizado pela prefeitura municipal, é de ‘figurinhas marcadas’, onde quem não precisa ganha e quem precisa é obrigada a passar por esta situação. “Faz 10 anos que tenho minha inscrição; tenho parentes que não tem filho, não tem marido, não tem família e tem condições financeiras, mas mesmo assim ganharam apartamentos. Em todo este tempo de inscrição, eu espero a assistente social ir na minha casa para comprovar minha situação”, relatou Crisleide Fernandes da Silva.
De acordo com eles, não existe um projeto social de levantamento sobre a vida de cada pessoa, pois “há pessoas que precisam e não podem mais esperar pelo sorteio, por não terem onde morar”.
“Tenho mulher e duas filhas. Acordo cedo, saio para trabalhar honestamente e ganhar um salário mínimo ao final do mês. Não tenho mais de onde tirar dinheiro. Lutei pela minha família, assumi o risco ao invadir e por eles eu vou continuar lutando”, garantiu Anderson Nascimento da Silva.
O grupo aproveitou a oportunidade para mandar um recado para as pessoas contempladas e que aguardam de forma legal a entrega das casas. “Que as pessoas nos apoiem. Imploramos a estas pessoas que foram contempladas, que apoiem nosso movimento, porque elas sabem o que é sofrer sem moradia e estamos lutando para todos, para que algo seja feito, inclusive por elas que esperam”, finalizaram.