Gestante reclama de descaso e humilhação na saúde pública de Dourados (veja vídeo)
Segundo Joyce Caroline, médico disse que suas hemorragias eram fruto de relações sexuais durante a gravidez
A universitária Joyce Caroline B. da Silva, 27 anos, grávida há 38 semanas, é mais uma engrossar a lista de pacientes insatisfeitos com o setor de obstetrícia do HU (Hospital Universitário de Dourados). A gestante afirma que está sofrendo com dores, contrações e hemorragias, mesmo assim, os médicos se negam a realizar a cesariana e afirmam que ela deve esperar mais para ter a criança.
Dias atrás, Joyce relata que foi até o HU se queixando das hemorragias, porém, o médico que a atendeu, antes mesmo de examinar disse em tom irônico que o problema tinha origem em relações sexuais durante a gestação. “Eu fiquei constrangida e chocada com o diagnóstico, pois eu não tive nenhuma relação desde o início da gravidez, terminei com o pai da criança dias antes de descobrir que estava grávida. Depois, durante o exame o pessoal da enfermagem confirmou o que eu havia falo e disseram para o médico que realmente não tinha nada a ver com sexo, mas ele não falou nada”, reclamou. (veja mais detalhes no vídeo ao final da matéria).
Outra reclamação da paciente é com relação à médica pediatra que realiza o pré-natal. Conforme Joyce, a profissional faltou ao serviço em várias consultas, assim, a gestante em algumas ocasiões foi atendida apenas por enfermeiros. A mãe da universitária também reclamou da médica e afirmou que a mesma não tem a menor vocação para lidar com crianças e grávidas.
Contudo, contrariando as ordens e diagnósticos dos médicos da saúde pública, um profissional da rede particular constatou que a gestante está plenamente apta a realizar o parto e que a criança já está encaixada na posição correta. “Eu agora estou com medo, essa demora pode trazer muitos riscos, tanto para mim, quanto para a criança. Eu não posso pagar por uma cesariana particular, eu não trabalho e só estudo por ter conseguido bolsa através do Prouni”, lamentou.
Plano de Parto
Joyce encaminhou para o setor obstetrícia do HU o seu plano de parto, onde a paciente escolheu o tipo de parto mais adequado para sua gestação e também algumas outras exigências de pequena monta, tais como: Não ser sedada em nenhum momento; presença de acompanhante durante o parto; redução da luminosidade e também do ar-condicionado quando a criança nascer, entre outros.
Contudo, em carta enviada à gestante, o chefe do setor afirmou que a decisão do tipo de parto é baseada em indicações médicas e não respeita a preferência da paciente. Disse também que as demais exigências não podem ser atendidas por razões técnicas.
Prefeitura
A redação da 94FM entrou em contato com a secretaria de saúde do município, que através de sua assessoria, reiterou as indicações do médico do SUS e também contrariou as preferências e indicações da paciente. Com relação ao constrangimento que a paciente passou, durante a consulta para averiguar as causas da hemorragia, a prefeitura não se manifestou.
Veja a nota da prefeitura na íntegra:
A Equipe de Saúde da Família do Novo Horizonte realiza o acompanhamento periódico do pré-natal de Joyce Caroline Bairros da Silva. No caso desta paciente, pelo tempo gestacional, ela tem mais três semanas e dois dias de gestação. Sendo assim, do ponto de vista clínico não há demora para realização do parto, já que esta paciente não está em trabalho de parto. Até o momento não há indicação para realização de parto cesariana na paciente Joyce, ou seja, ela está em condições de aguardar para ter o filho de parto normal.
A realização de cesariana através da rede pública fica a critério do obstetra que atendê-la para realizar o parto no HU (Hospital Universitário), que é o órgão responsável por este serviço. Isso ocorre apenas se surgir uma indicação de cesariana durante o atendimento, e esta é realizada como intervenção cirúrgica. Estes trâmites seguem as diretrizes do Ministério da Saúde que através da Rede Cegonha que trabalha pelo incentivo ao parto normal.
Com relação ao plano de parto, este é realizado de livre iniciativa da mãe, no qual ela descreve através de uma carta ou lista todas as suas preferências no momento do trabalho de parto. O plano é elaborado para ser entregue à equipe que fará o parto para que esta conheça as preferências da mãe e possa respeitá-las.
No entanto, as sugestões descritas pela gestante no Plano de Parto não são uma regra, nem uma obrigação à equipe de profissionais, mas, uma forma da mãe dialogar com a equipe sobre suas preferências neste momento que é tão delicado. O plano atende a recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Veja vídeo: