Filha de médico morto por Covid-19 em Dourados denuncia falta de leito de UTI
Dirceu Ferreira Guimarães é uma das 42 vítimas fatais no município, um dos três médicos que vieram a óbito no combate à doença
Filha do médico cardiologista Dirceu Ferreira Guimarães, uma das 42 vítimas fatais do novo coronavírus (Covid-19) em Dourados, morto na segunda-feira (6), aos 82 anos, Valeska Vendramin Guimarães denuncia a falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva para pacientes no município.
Para a 94FM, ela declarou que o pai deu entrada no Hospital da Vida no dia 18 de junho em estado grave e foi levado à área vermelha, mas apesar da recomendação médica para internação imediata em UTI, não conseguiu vaga nessa unidade hospitalar e houve uma série de negativas por parte de outros hospitais.
“Lá [no HV] foi encaminhado para a área vermelha ainda sem saber se realmente ele estava com Covid-19, até porque o primeiro exame feito na UPA deu negativo. Lá dentro foram solicitadas vagas [de UTI] várias vezes. Ele, um senhor de 82 anos, ficou na área vermelha sem o aparato necessário para o momento que vivia de saúde”, desabafou.
Ela informou ainda ter passado por uma sala com leitos de UTI desativados e acampou no Hospital da Vida, junto com o irmão, para garantir que o nome do pai fosse incluído nas prioridades de transferência.
“Meu pai faleceu dia 6 de julho”, lamenta, acrescentando estar indignada por ouvir de representante da administração municipal que havia vaga de UTI disponível enquanto os documentos que ela tem em mãos demonstram o contrário.
Nesta sexta-feira (10), Dourados chegou a 3.280 casos confirmados do novo coronavírus. Desse total, 2.016 pacientes já considerados recuperados, mas o município concentra a maioria das 146 mortes atribuídas à Covid-19 em Mato Grosso do Sul, 42. Dirceu Ferreira Guimarães é uma dessas vítimas fatais, um dos três médicos que vieram a óbito no combate à doença.
Ainda há 1.194 moradores de Dourados diagnosticados em isolamento domiciliar e 44 internados – 20 em enfermarias e 24 em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Na sexta-feira (3), o MPE-MS (Ministério Público Estadual) ingressou com a Ação Civil Pública Cível número 0900041-28.2020.8.12.0002, na qual o aponta insuficiência Unidades de Terapia Intensiva para pacientes diagnosticados com o novo coronavírus em Dourados e região e requereu, além da disponibilização de mais leitos, a transferência da regulação para o Estado.
Em resposta, na quinta-feira (9) o procurador geral do município, Sérgio Henrique Pereira Martins de Araújo, e a procuradora geral adjunta, Tayla Campos Weschenfelder, pediram o arquivamento do processo em trâmite na 6ª Vara Cível da comarca.
Os representantes do município afirmaram não parecer viável o pleito da Promotoria de Justiça “tendo em vista que a administração tem demonstrado que vem cumprindo todas as medidas necessárias para implementação das medidas contidas na presente demanda”.