Endividada, Funsaud paga R$ 217 mil para 48 ocupantes de cargos de gestão
Fundação que administra UPA e Hospital da Vida atualizou salários para servidores que ocupam cargos de gestão

Criada em 2014 para administrar a UPA 24 Horas (Unidade de Pronto Atendimento) e o Hospital da Vida, a Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados) enfrenta emergência financeira e administrativa desde novembro de 2017 por dívidas superiores a R$ 21 milhões. Mesmo assim, atualizou, nesta semana, estabeleceu em R$ 217,6 mil por mês os gastos com salários de 48 servidores nomeados em cargos encarregados de gestão.
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Divulgada na edição de quarta-feira (12) do Diário Oficial do Município, a Portaria nº 083/FUNSAUD/2018 de 01 de Novembro de 2018 foi assinada por Daniel Fernandes Rosa, diretor-presidente da Fundação, e atualiza o Organograma de Empregos e Salários – Encarregados de Gestão, aprovados em ata do Conselho Curador.
Em vigor desde ontem, portanto, a publicação indica que os gastos mensais com 48 servidores poderá chegar a R$ 217.600,00. 10 desses encarregados de gestão terão vencimentos de R$ 5.200,00 (custo total de R$ 52 mil aos cofres públicos municipais), oito de R$ 8.600,00 (R$ 68 mil), dois de R$ 6.200,00 (R$ 12.400,00), 11 de R$ 2.800,00 (R$ 30.800,00), e 17 de R$ 3.200,00 (R$ 54.400,00).
Essa atualização salarial ocorre dias depois que profissionais de enfermagem responsáveis pelo trabalho na UPA e no Hospital da Vida ameaçaram deflagrar greve por tempo indeterminado. Fora do grupo de encarregados de gestão, esses trabalhadores que lidam diariamente com o atendimento às pessoas enfermas não receberam a 1ª parcela do 13º salário na data prevista por lei, 30 de novembro.
“A FUNSAUD está devendo mais de R$ 30 milhões, não tem dinheiro para pagar, não tem remédio, os pacientes jogados à míngua, estamos num campo de guerra. A cada dia um novo comissionado e nem esparadrapo tem. Aí me publica isso hoje no diário. Gente que não ergue uma caneta e não aparece lá com salário de 8.000 e pouco? Isso é uma palhaçada. As pessoas que limpam chão dia e noite ganham R$ 900,00”, desabafou à reportagem da 94FM um profissional que preferiu não ter a identidade revelada.
O desabafo vai de encontro com informações já tornadas públicas sobre a crise financeira da Funsaud, que acumula R$ 1.648.866,50 em débito do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), conforme informações repassadas ao MPE-MS (Ministério Público Estadual) e ao MPT (Ministério Público do Trabalho) por representantes da Funsaud durante reunião realizada dia 21 de setembro.
Esse encontro fez parte das tratativas que integram o Inquérito Civil Público número 06.2016.00000437-0, que já resultou até em constatação de caos no hospital administrado pela Fundação e ameaça de intervenção judicial. Conforme a ata acessada pela 94FM, nessa reunião a representante do MPT, Candice Gabriela Arosio, procuradora do Trabalho, apresentou Notificação de Débito de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço no montante superior a R$ 1.648.866,50.
No dia 30 de agosto, os promotores Etéocles Brito Mendonça Dias Junior e Ricardo Rotunno coordenaram uma vistoria no Hospital da Vida, ocasião em que apuraram falta de materiais básicos como medicamentos indispensáveis, número insuficiente de profissionais para atender, pacientes nos corredores e outros locais insalubres, além de sala de Raio-X sem isolamento adequado para conter a radiação, dentre outros problemas. (clique aqui para ler mais).