Em greve, educadores passam dia na prefeitura e criticam vereadores
Os educadores da rede municipal de ensino de Dourados estão acampados na prefeitura, onde devem permanecer durante esta quinta-feira (24). Em greve, eles querem pressionar o prefeito Murilo Zauith (PSB) a atender as reivindicações de valorização profissional. Também divulgaram uma nota com críticas a postura de alguns vereadores durante a sessão realizada na segunda-feira (21).
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Organizados pelo Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados), os grevistas chegaram ao CAM (Centro Administrativo Municipal) antes das 8h. Munidos de faixas e cartazes, deixaram claro quais são as reivindicações da categoria, observados de perto pela Guarda Municipal. Ao menos quatro viaturas foram deslocadas para o local.
A sindicalista se refere à reivindicação do Piso Salarial de 20 horas para os integrantes do Magistério e à criação de um PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração) para os servidores que atuam no setor administrativo da rede municipal de ensino.De acordo com a vice-presidente do Simted, Gleice Barbosa, o objetivo dessa manifestação é pressionar o prefeito. Ela destaca que a luta dos educadores nunca esteve restrita à reposição inflacionária (6.15%) que o Executivo concedeu no início dessa semana – com atraso de quase três meses. “Defendemos uma política de valorização profissional”, pontua.
O reinício das aulas nas escolas e centros de educação infantil do município estava agendado para o dia 15 deste mês. Mas não há sequer previsão de quando serão retomadas.
Também nesta manhã os educadores divulgaram uma nota com críticas a alguns vereadores.
Confira o documento na íntegra:
“Trabalhadores em Educação são desrespeitados na sessão da Câmara
A categoria da educação, reunida em assembleia no dia 22 de julho, após um amplo debate sobre o ocorrido na sessão da câmara no dia anterior, vem a público mostrar sua indignação pela forma como alguns vereadores da Câmara Municipal de Dourados – MS desrespeitaram os educadores e os administrativos ao utilizarem a tribuna livre daquela Casa, proferindo ofensas de forma autoritária à categoria.
O Vereador Aguilera, ao se pronunciar, fez acusações descabíveis na tentativa de desmobilizar os grevistas. O público presente na sessão, ao se manifestar e discordar, diante da ofensa, foi autoritariamente repreendido pela presidência da Casa, na pessoa do vereador Idenor Machado, que ameaçou evacuar a Câmara, se os educadores não se calassem. Todavia, não reprimiu o vereador que ofendeu a todos os presentes, ao subestimar a competência intelectual dos grevistas.
A categoria esteve na câmara devido a preocupação com a votação do projeto de lei de reajuste que coloca em risco o reajuste dos servidores contratados. O artigo 4º, do projeto de lei encaminhado pelo Executivo, prevê que os contratados (convocados e acréscimo de carga horária) terão reajuste no momento de sua contratação, o que, teoricamente, subentende-se que ocorrerá em fevereiro de 2015, já que a maioria dos contratos foram feitos no mês de junho. No final do artigo acima citado aparecem as palavras “CONFORME O CASO”, trazendo interpretações discrepantes quanto ao seu real significado.
Ainda que o artigo 5º diz que o projeto terá efeito retroativo a partir de abril de 2014, o artigo 4º é o que define a situação dos contratados, permitindo a interpretação de que os trabalhadores convocados ou com acréscimo de carga horária, podem ou não, receber a reposição salarial de abril, maio e junho abrindo-se, então, uma brecha de interpretação, uma vez que declara no artigo anterior que o reajuste só ocorrerá na renovação contratual, deixando a categoria insegura.
A lei precisa ser transparente e refutar a sua dubiedade para assegurar ao trabalhador em Educação deste município, os seus direitos, pois em uma sociedade em que alguns representantes do povo não agem com clareza e respeito pela Educação percebe-se que a mentira, em sua forma vil, é a manobra mais perversa de alguns dos eleitos pelo povo.
RESPEITO Á EDUCAÇÃO E PRINCIPALMENTE, AOS ALUNOS, PASSA, ANTES DE TUDO, PELO RESPEITO AOS EDUCADORES!”.