Diploma da UFGD pode colaborar para que imigrantes conquistem melhores vagas no mercado de trabalho

São vários os desafios que os imigrantes enfrentam ao viver em um local com idioma, legislação e cultura diferentes, mas conseguir um emprego formal está entre os principais. Muitos acabam atuando onde são aceitos e não na profissão que exerciam no país de origem e, entre as causas disso, estão o alto custo financeiro e a burocracia para envio (apostilamento) de certificados de cursos e para o reconhecimento/revalidação desses documentos pelos órgãos de educação brasileiros.

A Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) desenvolve projetos direcionados a essas pessoas, desde 2017, quando a cidade começou a receber uma maior quantidade de haitianos e venezuelanos que migraram em situação de vulnerabilidade causada por graves crises econômicas e ambientais. Professores de diversas faculdades criaram projetos de acolhimento, ensino da Língua Portuguesa e atendimento jurídico que foram envolvendo a Universidade com a luta pelos direitos dessa população, até resultarem, neste ano, no primeiro Processo Seletivo de Acolhida Humanitária (PSAH-2023/UFGD).

O processo oferece 270 vagas em 29 cursos para refugiados, asilados políticos, apátridas, portadores de visto temporário de acolhida humanitária e portadores de autorização de residência para fins de acolhida humanitária ou para reunião familiar. O prazo para inscrições termina hoje, 31 de março.

Para Jean Kenson, que veio do Haiti, mora em Dourados desde 2016, cursa Relações Internacionais na UFGD e é chefe da Coordenadoria Especial dos Imigrantes (CEI) da Prefeitura Municipal de Dourados, esse edital é mais um passo para que os imigrantes possam ter uma vida profissional equilibrada e valorizada. “Muitos já tinham graduação e alguns até pós-graduação, mas a Universidade está criando uma alternativa aos problemas de documentação, que é a de facilitar a entrada no mercado de trabalho obtendo um diploma da UFGD, que por ser uma instituição federal, muito nos honra”, afirmou Jean.

No Painel Interiorização do Governo Federal, a base de dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ( ACNUR), atualizada em fevereiro de 2023, aponta Dourados como a quinta cidade a receber a maior quantidade de venezuelanos (3,7 mil) no Brasil, principalmente por conta da Operação Acolhida, promovida pelo Ministério da Cidadania desde novembro de 2018, quando a crise humanitária no país vizinho se aprofundou. Observando o estado, as cinco experiências de trabalho mais registradas por esses imigrantes em Mato Grosso do Sul são: trabalhadores da construção civil, cozinheiros, secretários administrativos, padeiros e vendedores.

Para a venezuelana Rosana Daza, presidente da associação Dunamis Multicultural, Dourados pode se tornar exemplo dentro e fora do Brasil pelas práticas que promovem a diversidade e a tolerância nos processos migratórios. “É um privilégio estar em um município como Dourados, que conta com universidades onde seus professores/alunos, estão dispostos a assumir novos desafios e a transformar os contatos complexos e seus problemas em oportunidades”, disse Rosana com lugar de fala, já que fez mestrado em Letras pela UFGD, doutorado em Estudos da Linguagem na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e atualmente está cursando Letras (Português/Inglês) na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

ACESSO E PERMANÊNCIA

Além de incentivar o ingresso na UFGD através do Processo Seletivo de Acolhida Humanitária, após o período de matrícula, a Universidade, por meio dos projetos de extensão direcionados aos refugiados e imigrantes, irá começar uma nova fase, para  colaborar no reconhecimento dos documentos que correspondem ao Ensino Médio e para que os estudantes possam sair do nível iniciante de Língua Portuguesa para o avançado.

Serão desenvolvidas outras ações a partir das demandas que surgirem no cotidiano universitário, mas para contribuir financeiramente com as condições básicas, assim como acontece com os demais estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, os imigrantes já poderão buscar os programas de assistência estudantil da UFGD, como a bolsa permanência, o auxílio alimentação e o auxílio transporte.

INSCRIÇÕES NO PSAH-2023/UFGD

 A inscrição no Processo Seletivo de Acolhida Humanitária é gratuita, vai até às 23h59 de 31 de março e pode ser feita pelo próprio candidato ou por alguém que assumirá a responsabilidade pelas informações prestadas, sem necessidade de apresentar procuração. A página do processo seletivo, onde se encontram os procedimentos que são necessários, é: https://portal.ufgd.edu.br/vestibular/psah/psah-2023-1 .

Para inscrever-se, é preciso acessar a Área do Candidato (https://selecao.ufgd.edu.br/ ), preencher os dados cadastrais, a ficha de inscrição eletrônica e selecionar o curso que deseja concorrer.

 PRINCIPAIS DATAS

Um edital será divulgado em 6 de abril com o nome das pessoas que poderão fazer a prova. Os candidatos farão a prova de redação em 10 de abril, na cidade de Dourados (em local a ser informado na Área do Candidato). O resultado preliminar será publicado em 17 de abril e, após o período de recursos, o resultado final será divulgado em 19 de abril. O início do primeiro semestre letivo de 2023 será em 15 de maio.

CONTATOS

Centro de Seleção (fase de inscrição): telefone (67) 3410-2840 e e-mail [email protected]  .

Secretaria Acadêmica (documentação, ingresso e matrícula): telefone (67) 3410-2820/ 2825 / 2826 ou, ainda, pelo e-mail [email protected]  .

Página oficial do PSAH-2023/UFGD: https://portal.ufgd.edu.br/vestibular/psah/psah-2023-1