Delegado descarta escalada da violência em Dourados apesar de 14 homicídios no bimestre

Os douradenses não precisam temer uma escalada da violência. Isso é o que garante o delegado Antônio Carlos Videira, titular da Delegacia Regional de Polícia Civil de Dourados. Apesar dos 14 homicídios registrados somente no primeiro bimestre deste ano, ele afirma que a cidade vive apenas “uma sensação momentânea de insegurança” por causa do crescimento populacional.

Videira concedeu entrevista exclusiva à 94 FM nesta quarta-feira (19) e apresentou dados que, segundo ele, comprovam o que afirma. Com base nos relatórios produzidos diariamente pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, o delegado descarta aumento da criminalidade e vai além: garante que os índices de violência estão em queda há dois anos.

“Dourados foi o único município do Estado que em 2012 e 2013 teve redução dos 11 principais tipos de crimes”, afirma, com relação a “homicídio doloso, homicídio no trânsito, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, roubo, furto, roubo de veículo, furto de veículo, furto em residência, roubo no comércio e roubo em residência”.

Segundo o delegado, essa queda na criminalidade pode ser contínua. “Hoje se nós formos verificar os números de Dourados, os índices de criminalidade são menores do que do ano passado como de 2013 foram menores do que de 2012”, pontua.

Com os relatórios em mãos, Videira informa que no comparativo entre o primeiro bimestre de 2013 e deste ano, o número de roubos passou de 105 para 104. “Então está nivelado, sem contar que nós tivemos um aumento de quase 4% da população e quando eu digo população eu digo tudo, não é só gente boa, mas também de gente ruim”.

Ainda de acordo com o delegado, o índice de furtos caiu de 441 em 2013 para 394, mais de 10% de redução. Já o roubo de veículos totalizou 15 em janeiro e fevereiro do ano passado, ante 8 de 2014. Furto em residência caiu de 135 para 131.

“O que nós tivemos foi um aumento no furto de veículos. Porque aumentou muito a facilidade de se adquirir motocicletas e moto é moeda de troca para drogas no país vizinho”, reconhece, sem apresentar números.

Homicídios

Mas há outro dado que incomoda as autoridades. “Nós tivemos um leve aumento nos crimes de homicídio. Enquanto em 2013 nós tivemos em janeiro e fevereiro 9 homicídios, nós tivemos este ano 14”, informa. “Esse aumento nos homicídios tem relação com o uso de drogas e com a questão indígena, porque muitos aconteceram dentro da aldeia”.

Responsável por uma Regional que abrange delegacias em oito municípios sul-mato-grossenses, Videira ressalta que “nossas duas aldeias estão inseridas no contexto urbano da cidade e sua população é maior do que a da grande maioria dos municípios do Estado”. “É uma situação atípica porque as aldeias não têm a infraestrutura de um município, as casas não têm número e as ruas não têm nome. É uma situação que faz com que muitos crimes ocorram e muitos desses crimes que lá ocorrem a exemplo daqueles de homicídio que acontecem dentro das casas, é difícil da polícia prevenir”.

Quanto à influência das drogas, o delegado destaca que “Dourados hoje com 207 mil habitantes registrando um índice de crescimento de quase 4% anualmente tem uma população carcerária que aumenta também na mesma proporção. E nessa pujança, nesse progresso que ela imprime atrai também muitas pessoas de outras regiões e também marginais”.

Videira cita a população carcerária superior a 2 mil pessoas em Dourados. “Junto com essas pessoas vêm seus familiares, que acabam se instalando na cidade em face das oportunidades de emprego. Muitas dessas pessoas saem do presídio e não conseguem se ressocializar. E voltam para o crime. Principalmente pela posição geográfica de Dourados a menos de 110 quilômetros do Paraguai, país este grande produtor de drogas para o mundo inteiro”.

Conforme o delegado regional, “nós estamos na rota do tráfico e muitas pessoas que vem para cá cumprir suas penas acabam ficando, se instalam em Dourados e operam no país vizinho e fazem da nossa cidade um roteiro para os grandes centros consumidores de drogas”.

Resolução

Apesar dos homicídios crescentes, Videira enfatiza que “a polícia tem reprimido”. “Os nossos índices de esclarecimento de homicídios são tais quais os dos Estados Unidos e do Reino Unido. Ano passado nós ultrapassamos 70% dos índices de esclarecimento dos homicídios”, garante.