Defensoria volta ao Hospital da Vida e flagra caos com denúncias de servidores
Trabalhadores denunciaram existência de funcionário fantasma e excesso de nomeados em cargos de diretoria
Relatório da Defensoria Pública do Estado elaborado a partir de visita feita no domingo (18) ao Hospital da Vida aponta problemas como aparelho de ar condicionado sem funcionamento, banheiros de enfermarias com mofo, falta de insumos e profissionais de enfermagem trabalhando sem receber hora extra. Além disso, servidores denunciaram existência de funcionário fantasma e excesso de nomeados em cargos de diretoria, fato apontado como possível causa do desequilíbrio financeiro.
Iniciada às 17h, essa vistoria encontrou tantos problemas que até mesmo a presidente da Comissão de Saúde da 4ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que acompanhava os trabalhos precisou “ausentar-se do local por estar passando mal durante as visitas, necessitando de repouso”, conforme descrito no documento obtido pela 94FM.
Assinado pela defensora pública Mariza Fatima Gonçalves, da 2ª Defensoria do Consumidor de Dourados, o relatório afirma ter sido constatado que o Hospital da Vida atualmente “possui condições parciais de funcionamento, além de higiene comprometida, falta de insumos e medicamentos básicos, e condições físicas inadequadas do local em função da reforma iniciada e paralisada”.
“Ainda, é imprescindível tomada de providências urgente para a adequação no número de médicos e profissionais de enfermagem a fim de garantir qualidade e segurança durante a prestação da assistência, havendo ainda a necessidade de articularmos visitas e inspeção de retorno para averiguação das providências adotadas pela instituição, seja por parte da interventora/gestora, como pela diretoria/coordenação dos serviços médicos e de enfermagem, de modo a garantir assistência segura e livre de situações que possam incorrer em imperícia, negligência ou imprudência que comprometam a saúde e a vida dos pacientes”, detalha o documento.
Procurada pela reportagem da 94FM para comentar as afirmações da Defensoria Pública, a secretária municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Machado Souza, interventora da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), disse que sua assessoria jurídica enviará resposta.
Sem identificação por temor de represálias, trabalhadores do hospital relataram saber da existência de “funcionários fantasmas” que “trabalham só uma semana e o restante do mês não vão trabalhar, constando apenas em folha de pagamento, mas não prestando o trabalho efetivamente”.
Na área de atenção ao paciente e enfermagem, a defensora pública colheu depoimentos que indicam a existência de “muitas pessoas nomeadas em cargos em comissão no departamento pessoal (Recursos Humanos) e setor administrativo do HV, bem como adicionais de coordenação e diretoria”, situação que segundo os denunciantes “pode ser um dos fatores de desequilíbrio financeiro do hospital como um todo”.
“Os profissionais de enfermagem entrevistados narraram que faltam produtos básicos, como insumos para higienização/lavagem adequada das mãos, como sabão líquido desinfetante, papel toalha para secar as mãos, além de não haver álcool gel e lavabos que promovam cuidado limpo e seguro, com finalidade de prevenir infecção cruzada, situações que estão ligadas à segurança na assistência prestada ao paciente”, detalha o relatório.