Conselho de Saúde critica Hospital Evangélico e propõe auditoria federal

Ameaça de fechar as portas em 60 dias causa pânico em funcionários e pacientes, segundo Berenice

Presidente do Conselho de Saúde, Berenice defende auditoria e revisão da gestão plena (André Bento)
Presidente do Conselho de Saúde, Berenice defende auditoria e revisão da gestão plena (André Bento)

A informação de que o HE (Hospital Evangélico) pode fechar as portas em breve por causa de uma dívida milionária foi duramente criticada pela presidente do Conselho Municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Machado Souza. “Não temos que alarmar a população e dizer que ela vai ficar desassistida”, pontuou em entrevista à 94 FM.

No final do mês passado funcionários ligados à diretoria do HE afirmaram que a unidade poderia fechar as portas em 60 dias. Isso por causa de uma suposta dívida de R$ 40 milhões.

Segundo Berenice, os argumentos que justificam a crise não convencem. “O hospital é filantrópico, recebe pelo que produz e não está atrasado, está em dia. Caso vá fechar as portas, tem que dar um prazo, não pode dizer amanhã não vou mais atender”, enfatizou. “Não temos que alarmar a população e dizer que ela vai ficar desassistida”.

TABELA SUS

Ainda de acordo com a presidente do Conselho Municipal de Saúde, a suposta dívida não é por falta de recursos públicos. Embora o farmacêutico Demétrius Pareja – que trabalha no HE há 25 anos – tenha apontado um déficit mensal de mais R$ 1,2 milhão, Berenice garante que os atendimentos prestados a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) são devidamente compensados.

“Nenhum prestador do município de Dourados trabalha pela tabela SUS. O município sim recebe do governo federal a tabela SUS, mas repassa até quatro tabelas para os hospitais”, informou. No caso do HE, seriam três tabelas. Segundo Berenice, isso significa que para cada atendimento de R$ 100 para o qual a tabela custeia R$ 60, o hospital recebe até R$ 180.

AUDITORIA FEDERAL

“Esses hospitais que atendem pelo SUS têm que ter auditoria federal sobre as contas para saber o que está certo, porque só assim a gente vai acabar com esse mau atendimento dos hospitais que atendem convênio público”, disparou.

“Fizeram pânico em cima dos servidores com o aviso de que não teriam dinheiro para pagar o mês de julho, porque salário é alimento. Mas no outro dia começaram a pagar. Falaram que não tinha, mas pagou, então onde estava esse dinheiro ?”.

PÂNICO SEM JUSTIFICATIVA

A indignação da conselheira é motivada pelo pânico causado pelo hospital quando ameaça fechar as portas e deixar de atender ao menos 800 mil pacientes da macrorregião. “Eles não podem plantar esse terror. Quando ele falar que não vai atender mais, tem que dar prazo para o município fazer a chamada pública”.

Berenice lembra que as especialidades ofertadas pelo HE (nefrologia, oncologia e cardiologia) poderiam tranquilamente ser assumidas por outras unidades hospitalares até mesmo do município. “Dourados tem outros hospitais bem equipados e a altura de bons atendimentos. Acho que tem que ter concorrência”.

Conforme a presidente do Conselho Municipal de Saúde, é inadmissível a insegurança que o Hospital Evangélico transmite para funcionários e pacientes. “É um hospital filantrópico, não atende de graça, tem isenção de impostos e é beneficiado com dinheiro de emendas parlamentares, então tem responsabilidade com a população e não deve plantar o terror com a sociedade e com os servidores”.

GESTÃO PLENA

Além de propor a auditoria federal sobre as contas do HE e demais unidades que atendem pelo SUS, Berenice já anunciou outra ideia para tentar melhorar as condições da saúde pública em Dourados. “O que o conselho está pensando em rever e vamos discutir na próxima reunião é a gestão plena”.

Pela gestão plena, Dourados assume a responsabilidade de atender pacientes de diversos outros municípios da macrorregião, além de países vizinhos. Por isso obtém um volume maior em repasses do Governo do Estado. No próximo dia 20 a viabilidade disso deve ser rediscutida.

“Vamos reunir todos os presidentes de conselhos e secretários de saúde da macrorregião e o secretário de Estado de Saúde para a gente ver se realmente compensa para Dourados continuar com a gestão plena ou se não é melhor o município entregar a gestão plena e o Estado assumir”, pondera.

 

 

Comentários
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  • Jose

    Jose

    O mais engraçado do HE é que vc olha a estrutura "particular" está crescendo pra todos os lados, pra cima pros lados.. e a parte do SUS nesta situação... não é engraçado????? .....

  • wagner ferreira da silva

    wagner ferreira da silva

    parabéns a essa mulher . nota 1000 , tem toda a razão em fazer uma auditoria , tem dedo podre nessa adiministraçao

  • irineu

    irineu

    Essa mulher é nota 10,sou fã dela...De 2 em 2 anos é a mesma ladainha do H.E....Sem dinheiro,sem recurso,devendo...Por que sera que isso acontece só em ano politico??Tem que se fazer uma auditoria federal sim,pois alguma coisa ta errada ai..

  • marcio

    marcio

    O HE AINDA ESTAVA FAZENDO PRESSAO EM CIMA DOS FUNCIONARIO DO HV PARA QUE ELES PEÇAM DEMISAO PARA NAO PAGAR OS DIREITOS E TAO FALANDO EM REUNIOES QUE A FUNSAUD QUE QUER ASSIM QUE ESTA NA LEI DO MUNICIPIO ,DESDE DEZEMBRO QUE NAO DEPOSITA O FUNDO DE GARANTIA DOS FUNCIONARIOS CADA COISA QUE TEMOS QUE VER