Após morte por leishmaniose, família faz desabafo sobre descaso na saúde pública

Morador na Vila Erondina faleceu dia 4 de fevereiro no Hospital Universitário; CCZ não esclareceu quais medidas tomou para prevenir a doença

Morte por leishmaniose em Dourados motivou desabafo de família que critica descaso da saúde pública (Foto: André Bento)
Morte por leishmaniose em Dourados motivou desabafo de família que critica descaso da saúde pública (Foto: André Bento)

A família do homem de 54 anos que morreu por Leishmaniose Visceral em Dourados fez um desabafo sobre o descaso na saúde pública. Em relato emocionado, a filha da vítima detalhou o calvário na busca por atendimento, com seguidas negativas de atendimento no Hospital da Vida até o agravamento da doença. O óbito ocorreu dia 4 de fevereiro, no Hospital Universitário.

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Dayani Maria relatou à 94FM que seu pai sofria há meses e "só ia ao hospital tomava sangue e mandavam embora para casa". Segundo ela, somente quando ele já estava desnutrido e com muito sangramento houve a atenção médica adequada. Até o diagnóstico correto, que só veio após a morte, cogitaram câncer, enfisema pulmonar e até tuberculose, porque a vítima foi fumante ao longo da vida.

"Meu pai sofreu muito porque não fizeram tudo mesmo, a saúde pública é um descaso", desabafou. "É tudo muito difícil, aceitar uma coisa que tem tratamento e o zoonose tinha que fazer isso em todos os bairros, pois mais de 70% dos animais são positivos. Até quando isso vai matar animais e humanos inocentes? Isso é responsabilidade da saúde por ser uma zoonose", queixa-se.

Morador na Vila Erondina, em Dourados, o homem chegou a ser atendido no Hospital Rosa Pedrossian, em Campo Grande, em 2016. Na ocasião, após 15 dias, descobriram que ele sofria de anemia. A filha relata que foram vários os tratamentos desde então, mas ele continuou emagrecendo e sofrendo com sangramentos pelo nariz.

CCZ não informou quais medidas têm sido tomadas para prevenção da doença (Foto: A. Frota)
CCZ não informou quais medidas têm sido tomadas para prevenção da doença (Foto: A. Frota)

"Ele comia superbem, ai começou a evacuar sangue, muita fraqueza, emagrecimento cada vez maior, muitas idas e vindas para o UPA [Unidade de Pronto Atendimento] de Dourados e o Hospital da Vida só negava sua internação. Ele sentia muita falta de ar eu já não dormia mais com medo dele morrer à noite sem ar", detalha.

O desabafo continua: "Começou os vômitos com sangue, bolas de sangue, e correram pro UPA, um médico brigou com todos pra se virar atrás de uma vaga no HV [Hospital da Vida] com suspeita de tuberculose, ai foi aquela coisa, máscaras, isolamentos, ficou por mais ou menos uns 5 dias no HV, só respirava por oxigênio, até que um anjo, um médico pediu transferência pro HU [Hospital Universitário] na UTI pois ele já não respirava mais sozinho, tiveram que entubar ele e isolaram no HU com a suspeita da tal da tuberculose que só dava negativo".

A filha da vítima diz que os médicos continuaram insistindo e passaram a cogitar enfisema pulmonar porque o paciente era fumante e tinha lesões no pulmão. "Aí os rins estavam parando e ele em coma induzido, numa repetição de exames acharam a zoonose e foi confirmado leishmaniose visceral", revela.

Nesta fase, os rins pararam de vez e começaram a hemodiálise no dia 2 de fevereiro. Mas, segundo a filha do homem, no dia seguinte esse tratamento já não funcionava mais. "No dia 4, a meia noite e 15, me ligaram pedindo para ir lá e informar que ele tinha ido a óbito. Se eu for contar tudo o que passamos será impossível, pois foi muito sofrimento, sei que demoraram para descobrir", lamenta.

Já Helenir Blanco afirma que o controle da doença está sendo feito de forma incorreta no município. "Ele morou muito tempo no Jardim Água Boa e no bairro Erondina fazia pouco tempo, então o correto é cuidar dos dois bairros, não se sabe exatamente onde ele foi picado porque foi muito tempo sofrendo sem saber o que tratar... muito triste", desabafa.

SEM RESPOSTAS

Procurada pela 94FM para comentar o caso, a responsável pelo CCZ (Centro de Controle de Zooneses) alegou que só poderia passar informações sobre as medidas preventivas caso houvesse autorização de um assessor da Secretaria Municipal de Saúde. Este servidor, porém, não atendeu às ligações da reportagem até a publicação desta matéria.

Comentários
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  • Santos

    Santos

    Ok, concordamos plenamente que a população deve fazer a parte dela, mas e a Prefeitura, será que tem feito a dedetização com regularidade, para assim eliminar os mosquitos que causam a leishmaniose, dengue, etc.? Cadê o veículo que faz a dedetização, faz meses que não vejo no meu bairro, já tivemos que levar para sacrificar 02 cães devido à essa doença. Temos cuidado de nosso quintal, mas se o vizinho não cuida e a Prefeitura também passa o veneno?

  • Rafael

    Rafael

    A saúde tá abandonada? Com certeza sim, mais leishmaniose, dengue tem que ter o apoio da comunidade, não podemos vir aqui e colocar a culpa toda no serviço público se a população não faz sua parte, se todos se preocuparem em fazer o mínimo necessário que é a limpeza adequada de seus quintais, e não jogarem lixo nos terrenos baldios ou área de preservação com certeza muitas mortes serão evitadas. A população brasileira é muito acomodada então é mais fácil tirar a culpa de si e jogar para os outros.

  • Palmeirense

    Palmeirense

    Faço um convite para cada um cuidar do seu quintal, mantendo ele limpinho não acontecerá a proliferacao dessas doenças.

  • MAIARA

    MAIARA

    Meu deus, que descaso. Nossa cidade esta abandonada em todos os sentindo.Lamentável.Decepção total essa Délia.

  • Santos

    Santos

    Precisamos que a Prefeitura venha com urgência aplicar o veneno nos bairros da cidade, para eliminar os mosquitos que provocam essas doenças.

  • Mia

    Mia

    Dourados nunca mais teve um governante que colocasse esta cidade nos eixos para que a população viva em paz.

  • toninho

    toninho

    Que medicina e essa que leva a obito um ser humano sem se descobrir o diaguinostico da doença apos a morte so resta para a familia o sepultamento quanta negligencia.