'Tive a sensação da morte', conta sobrevivente de raio

  • Redação 94 FM
Marina Guarrido Souza 18, Milena Guarrido Souza e a mãe Jovanete Guaarrido de Souza (camisa vermelha) vitimas... (Divulgação)
Marina Guarrido Souza 18, Milena Guarrido Souza e a mãe Jovanete Guaarrido de Souza (camisa vermelha) vitimas... (Divulgação)

Em um depoimente enviado à Folha de S.Paulo, a contadora Jovanete Garrido de Souza, 47, falou sobre o que sentiu ao ser atingida pelo raio que matou 4 pessoas, no litoral de São Paulo, no dia 29 de dezembro de 2014.

Ela teve cortes no rosto e as filhas, Milena e Marina, tiveram as mandíbulas quebradas pelo impacto. Uma delas pode ter sequelas no rosto causadas pela lesão, mas as três podem comemorar por temrem saído com vida da praia. "Tive a sensação de ter passado pela morte. Foi por Deus que sobrevivemos", relatou Jovanete.

Segundo a contadora, a família estava correndo para sair da praia e passava ao lado da família que morreu na tragédia quando o raio caiu. "Meu marido precisou fazer massagem cardíaca em mim. Acordei deitada em um quiosque. Eu não tinha noção do que tinha acontecido", contou.

Leia o depoimente da sobrevivente:

Nunca imaginei algo parecido. Tive a sensação de ter passado pela morte. Foi por Deus que sobrevivemos.
Esta foi a segunda vez que alugamos um apartamento em Praia Grande para passar o fim de ano com toda a família. Eu, meu marido e nossos cinco filhos estávamos na areia quando o tempo começou a fechar. Foi repentino.
Achávamos, no começo, que era uma simples chuva de verão e que continuaríamos aproveitando a praia, debaixo da nossa tenda.
Mas aí começou a ventar muito forte e percebemos que era preciso sair da praia.
Nós desmontamos a nossa tenda, colocamos no carrinho e já estávamos saindo quando minha filha mais velha, a Marina, de 18 anos, sugeriu que a gente voltasse à beira do mar.
Ela disse: "Vamos pelo menos lavar as mãos e os pés no mar para não entrarmos sujas no prédio".
Voltamos então, eu e meus filhos Marina, Saulo, de 15 anos, e Milena, de 14 anos.
O Saulo, no entanto, saiu correndo na nossa frente.
Fomos atingidas pela descarga elétrica, as três, quando passávamos ao lado do pessoal que morreu [o raio matou quatro pessoas, todas da mesma família].
Eu não cheguei a ouvir nada, mas meu marido disse que viu o clarão e as pessoas que morreram caindo na areia como se fosse um strike, do jogo de boliche.
Fiquei desacordada na hora, não vi o que aconteceu.
Meu marido precisou fazer massagem cardíaca em mim. Acordei deitada em um quiosque. Eu não tinha noção do que tinha acontecido.
As pessoas que estavam lá me diziam: "Você foi atingida por um raio, fique calma que vai dar tudo certo".
Sentia as pernas trêmulas e parecia que eu não tinha mais a face. Era estranho. Estava tudo dormente.
Sabia que estava machucada porque via o sangue pingar do meu rosto.
Eu tive muitos ferimentos, cortes e queimaduras, na boca e também no nariz.
(Com informações da Folha de S. Paulo)
A descarga foi mais forte nos dentes porque eu tenho próteses na arcada.
A Milena não desmaiou. Ela foi arremessada para longe na areia, mas levantou cambaleante. Já a Marina ficou desacordada.
O impacto fez as duas cerrarem os dentes com muita força e as duas tiveram fraturas na mandíbula.
Nós ficamos em observação no hospital em Praia Grande e fomos liberadas na manhã da terça-feira (30), quando voltamos a Franca.
A Marina precisou passar por uma cirurgia na quarta (31), já em Franca, por causa das fraturas na mandíbula.
O médico disse que ela corre o risco de ficar com sequelas no músculo da face, por causa da fratura.
As meninas não estão conseguindo falar direito por causa dos pontos e ferimentos nas bocas.
Sobrevivemos porque era a vontade de Deus. Quando você imagina que pode ser atingida por um raio? Nunca!

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