Médica explica cardiopatias congênitas e tratamentos
A condição está entre as malformações que mais matam na infância. SUS oferece acompanhamento para diagnóstico e tratamento precoces
As cardiopatias congênitas são problemas na estrutura e/ou na função cardiocirculatória do coração, presentes antes mesmo do nascimento, e afetam um em cada 100 bebês. Anualmente, cerca de 30 mil crianças nascem com algum problema no Brasil e aproximadamente 40% (ou seja, 12 mil crianças) precisam de cirurgia ainda no primeiro ano de vida, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Na próxima segunda-feira (12/06) é comemorado o Dia de Conscientização de Cardiopatia Congênita.
“As cardiopatias mais comuns são a comunicação interventricular, comunicação interatrial e a persistência de canal arterial. Essas mais comuns não precisam de cirurgia ao nascimento, mas precisam de acompanhamento e tratamento clínico. Outras necessitam correção cirúrgica nos primeiros meses/anos de vida”, explica a cardiologista pediátrica Suellen Mota, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), afiliado à Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Fatores ambientais e genéticos podem contribuir para o desenvolvimento da cardiopatia congênita.
Os fatores ambientais comuns incluem doenças maternas, como diabetes, rubéola, lúpus eritematoso sistêmico, ou ingestão materna de agentes teratogênicos, como lítio, isotretinoína, anticonvulsivantes. A idade materna é um fator de risco conhecido para certas doenças genéticas, sobretudo Síndrome de Down, que podem incluir cardiopatias. “Se houver diabetes gestacional, uso de alguns medicamentos ou história de cardiopatia na família, o ideal é a realização do ecocardiograma fetal e seguimento regular de pré-natal”, enfatiza a especialista.
A médica ressalta que uma gestação com um bom acompanhamento obstétrico, com todos os cuidados maternos, revisão de medicamentos, com ajustes e substituição de drogas sabidamente teratogênicas, comorbidades pré-gestacionais regularizadas, podem contribuir para a prevenção de certos defeitos cardíacos congênitos.
Exames importantes
Há diversos exames que podem auxiliar na detecção de cardiopatias congênitas. Os mais importantes são a triagem neonatal por oximetria de pulso (entre 24h e 48h de vida), exame físico cardíaco, ecocardiografia, ECG e radiografia de tórax.
“Para o diagnóstico é necessária realização do ecocardiograma. Na gestação, o ecocardiograma fetal e, após o nascimento, ecocardiograma transtorácico. Em alguns casos são necessários exames mais específicos, como angiotomografia ou cateterismo”, complementa a médica.
Tratamentos
O tratamento das cardiopatias congênitas pode incluir o uso de medicamentos e procedimentos como cateterismo e cirurgias.
Estabilização clínica da insuficiência cardíaca, por exemplo, com diuréticos, inibidores da ECA, betabloqueadores, digoxina, espironolactona, restrição de sal e, em casos selecionados, suplementação de oxigênio ou prostaglandina E1.
“Existem tratamentos clínicos, de suporte, para manter o paciente estável até o melhor momento para o tratamento cirúrgico, que pode ser de correção total ou cirurgia paliativa, a depender da gravidade da cardiopatia”, afirma a Dra Suellen.
Os defeitos cardíacos englobam desde os mais simples até os mais complexos, então todas as fases são essenciais, desde o diagnóstico, até o procedimento intervencionista ou cirúrgico, e o tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e na enfermaria. O acompanhamento da criança cardiopata deve ser realizado por um especialista. Desta forma, todas as complicações são acompanhadas, medicações pós-correção e reintervenções, se necessário.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.