Justiça bloqueia R$ 100 milhões do PT e do ex-ministro Paulo Bernardo
O juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, responsável pela operação Custo Brasil, decretou o bloqueio de mais de R$ 102 milhões do Partido dos Trabalhadores e do ex-tesoureiro da sigla João Vaccari Neto, preso há mais de um ano na Lava Jato.
O mesmo valor também foi bloqueado das contas do ex-ministro Paulo Bernardo.
No despacho, o magistrado afirma que dois delatores diferentes apontam "Vaccari como uma espécie de mentor do esquema de desvio de dinheiro do caso Consist" e o PT como "principal beneficiário do esquema".
A Custo Brasil é um desmembramento da Lava Jato que investiga desvios no ministério do Planejamento, comandado por Paulo Bernardo de 2005 a 2011.
Segundo a PF, de 2010 a 2015, a pasta superfaturou em cerca de R$ 102 milhões em contratos com a empresa de tecnologia Consist. Esse dinheiro teria sido usado para pagar propina a servidores, entre eles o ex-ministro, e para abastecer o caixa do PT.
Desse modo, o juiz concluiu que eles tiveram participação decisiva em um suposto esquema de corrupção no Ministério do Planejamento via Consist, e determinou que o valor bloqueado fosse o mesmo do rombo causado na pasta, de pouco mais de R$ 102 milhões.
Responsável por gerir um sistema de empréstimo consignado a servidores, a Consist teria recebido R$ 1 de cada parcela paga pelos funcionários, quando o valor de mercado desse serviço seria de R$ 0,30.
O PT, segundo a investigação, também tinha participação ativa no esquema. Vaccari, segundo os investigadores, definia a distribuição da propina originária do contrato entre Consist e Ministério do Planejamento. Houve saques em dinheiro e pagamentos a empresas de fachada no intuito, ainda de acordo com a investigação, de esconder o caminho do dinheiro.
Paulo Bernardo
O ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, que estava à frente pasta em 2010, quando o esquema teria começado, também teve o valor de R$ 102 milhões bloqueados por Azevedo, que o considerou essencial para a realização dos desvios.
Os investigadores apontam que o ex-ministro foi um dos beneficiados pelos supostos desvios. O dinheiro teria sido usado para pagar pessoais, como salários de dois empregados, aluguel de garagem, loft, entre outros.
Paulo Bernardo chegou a ser preso na semana passada, mas foi solto por decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli.
Já o ex-ministro da Previdência Carlos Gabas e o ex-secretário municipal de São Paulo Valter Correia tiveram R$ 7,2 milhões bloqueados cada por não ter participação decisiva na montagem do esquema, segundo avaliação do magistrado. O valor corresponde ao valor que teriam recebido.
Gabas é investigado porque há indícios de que ele interveio junto a Paulo Bernardo para que a Consist fosse contratada. Correia teria atuado em uma das secretarias envolvidas no esquema durante a contratação da Consist.
Outro lado
A reportagem ainda não conseguiu contato com o Partido dos Trabalhadores nem com a defesa dos outros citados.
Em ocasiões anteriores, todos os investigados negaram irregularidades.