Especialistas da Ebserh, dentre eles, do HU-UFGD, esclarecem sobre diferentes tipos de alergias

Profissionais sinalizam causas, formas de tratamento e de prevenção contra crises alérgicas

  • Assessoria/Ebserh
Os diferentes tipos de alergias trazem impactos no dia a dia do paciente (Foto: Divulgação/HU-UFGD)
Os diferentes tipos de alergias trazem impactos no dia a dia do paciente (Foto: Divulgação/HU-UFGD)

Espirros, coriza, dificuldades para respirar, coceira na garganta e manchas na pele são sintomas conhecidos por boa parte da população brasileira que não aparecem apenas em quadros virais. Estes são alguns dos sinais comuns aos diferentes tipos de alergia, que podem ser respiratórias, de pele, alimentares e medicamentosas. Neste Dia Mundial da Alergia, 08 de julho, especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), então, trazem esclarecimentos sobre causas, diagnósticos e tratamentos para melhorar a qualidade de vida de quem convive com esse problema de saúde.

A alergia é uma resposta do sistema de defesa do corpo de uma forma exagerada a algum agente (alérgeno), explica Régis Albuquerque, médico alergologista do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA). São, assim, produzidos anticorpos específicos contra esses alérgenos ou formadas células imunológicas com ação inflamatória. “Inicialmente, ocorre um processo de sensibilização que não é percebida pelo indivíduo. Em contato posterior com esse alérgeno, acontece o desencadeamento da reação alérgica com sintomas que dependem do local; por exemplo, na pele, no trato respiratório ou digestivo, que são os principais locais onde as alergias ocorrem”, explica o alergologista.

A predisposição genética é um fator para a causa das alergias, mas os fatores ambientais também são determinantes, como, por exemplo, as mudanças climáticas, as queimadas, a poluição e o contato com produtos de limpeza e cosméticos, especialmente para os casos de alergias respiratórias e na pele (caso da dermatite atópica). O diagnóstico do paciente alérgico é feito a partir do seu histórico clínico, observando os sintomas e a exposição aos alérgenos. Testes de alergia também auxiliam a determinar o que desencadeia os sintomas, e podem ser feitos na pele, com exame de sangue ou “com a administração do agente suspeito em condições controladas num consultório do médico especialista em alergia ou em ambientes hospitalares”, esclarece Régis Albuquerque.

Alergias respiratórias

Encontrando-se entre os tipos mais comuns de reações alérgicas, as alergias respiratórias estão divididas em dois grupos, segundo o otorrinolaringologista Márcio Duarte, do Hospital Universitário Alcides Carneiro, da Universidade Federal de Campina Grande (HUAC-UFCG): a asma, que é uma alergia respiratória pulmonar; e a rinite alérgica, que é uma alergia respiratória das vias aéreas superiores.

Além da influência genética, os principais alérgenos envolvidos na asma e na rinite alérgica, são o pó, a poeira, alguns tecidos, o pólen de plantas, mofo e pelos de animais, além de existirem casos associados à mudança de clima. O diagnóstico é clínico, baseado no relato do paciente e no exame físico. Para auxiliar na investigação da asma, o exame de espirometria, que é um teste para fluxo pulmonar, pode ser utilizado.  Testes alérgicos também auxiliam na identificação da asma e da rinite.

Para o tratamento, Márcio salienta que podem ser utilizados “diversos antialérgicos de variadas potências, de acordo com o quadro. Outra indicação importante são as lavagens do nariz e a higiene do ambiente, passos muito importantes para tentar evitar o que provoca a alergia. Imunoterapia ou cirurgia, em casos selecionados, são outras formas de tratamento”.

Alimentos e alergias

A comida também pode ser um fator desencadeante de alergia para determinadas pessoas, seja por contato, inalação ou ingestão, afirma Renato Silva, gastroenterologista pediátrico do Hospital Universitário da Universidade Federal de Grande Dourados (HU-UFGD). Os alimentos com maior relato de alergia alimentar, conforme cita o especialista, são o leite de vaca, a soja, o ovo, o trigo e os frutos do mar.

É preciso mencionar que alergia e intolerância são questões diferentes. A intolerância é a diminuição ou ausência de enzima para digerir determinado alimento, como é o caso da intolerância à lactose, açúcar presente no leite que, quando mal digerido, pode causar dor abdominal, gases e diarreia. A alergia, por sua vez, é uma resposta imunológica, causando inflamação.

“Os sintomas da alergia alimentar são muito variados e dependem do local onde predomina a inflamação (pele, sistema respiratório, sistema digestório). Assim, é importante destacar que o termo ‘alergia à lactose’ não é correto pois envolve duas condições distintas: a intolerância à lactose e a alergia ao leite”, destacou Renato.  O tratamento da alergia alimentar consiste, então, em uma dieta que suspenda a ingestão do alimento que provoca a reação, com orientações também para observar os rótulos de alimentos industrializados e evitar contaminações cruzadas no preparo de alimentos.

Alergia medicamentosa

Em geral, os principais sintomas de uma alergia medicamentosa são erupções cutâneas, coceira, inchaço no rosto, especialmente nos olhos e lábios, além de dificuldade para respirar, explica o farmacêutico Fernando Araújo, chefe do Setor de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB). Se isso acontecer, é fundamental que o uso do medicamento seja interrompido, seguido por orientação médica para avaliação e substituição.

Fernando ainda reforçou que nem toda reação a medicamentos é de causa alérgica. “Existem as reações adversas não imunológicas, desencadeadas em razão das propriedades do próprio medicamento, sem envolvimento do sistema imunológico, o que as diferencia das reações alérgicas”. Dentro da classificação das reações medicamentosas alérgicas, existe a imediata, com sintomas iniciando em até 1 hora após a exposição; e as reações retardadas, acontecendo após esse tempo ou até dias depois.

Uso seguro de medicamentos antialérgicos

Os medicamentos são a principal via para conter as crises alérgicas, mas devem ser administrados com cuidado e orientação. Em geral, apontou o farmacêutico, os anti-histamínicos são utilizados para controlar sintomas leves a moderados de alergia; e os corticosteroides, para reações mais severas, diminuindo a inflamação. Uma atenção especial à dosagem deve ser considerada, respeitando as orientações dispostas no medicamento e passadas pelo profissional de saúde, para evitar superdosagens que podem trazer danos ao paciente. Nos casos de anafilaxia, uma reação alérgica grave com sintomas de dificuldade respiratória, queda da pressão arterial, taquicardia e perda de consciência, a adrenalina é utilizada.

Saiba mais:

O alergologista do Hupes-UFBA, Régis Albuquerque, também sinalizou que a imunoterapia é um recurso aplicado em determinados tratamentos de alergias. “São vacinas de longa duração para diminuir o processo alérgico, indicadas nos casos das alergias respiratórias, por picadas de insetos e casos selecionados de alergia alimentar ao leite”.

Sobre a Ebserh

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

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