Ditadura militar fez brasileiros aprenderem o valor da liberdade
Presidenta Dilma Rousseff relembrou que, mesmo 50 anos após o período do golpe, ainda há muito a ser lembrado e esclarecido.
A presidenta Dilma Rousseff lembrou ontem, 31 de março, faz 50 anos do golpe militar, realizado em 1964 pela então Ditadura Militar.
Durante o evento para a assinatura da contratação da nova ponte sobre o Rio Guaíba (RS), a presidenta destacou a importância que a data tem para a história brasileira.
“O dia de hoje exige que nos lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos que morreram e desapareceram, aos torturados e perseguidos, às suas famílias e a todos os brasileiros. Lembrar e contar faz parte de um processo muito humano”, ressalta.
Durante seu discurso, Dilma lembrou que por causa das mobilizações populares foi possível reconquistar a democracia e firmar pactos que atualmente estão traduzidos na Constituição Federal, promulgada em 1988. “Por 21 anos nossa liberdade, nossos sonhos foram calados.
Hoje, podemos olhar pra esse período, olhar justamente do ponto de vista dessa obra específica, mas que mostra toda capacidade e envolvimento de todas as instituições num clima de democracia. Podemos olhar este período e aprender com ele, porque o ultrapassamos.
Lembrar e contar faz parte de um processo muito humano, desse processo que inciamos com as lutas do povo brasileiro, pela anistia, constituinte, eleições diretas, crescimento com inclusão social. Um processo que eu foi construído passo a passo, durante cada um dos governos eleitos depois da ditadura".
Ao abordar, ainda, sobre as aprendizagens que o período deixou para o povo brasileiro, a presidenta reforçou que a vivência do período fez com que tivéssemos conhecimento sobre o valor da liberdade.
“Aprendemos o valor da liberdade, do legislativo e do judiciário independente e ativos.
O valor da liberdade de imprensa, do voto secreto, de eleger governadores, prefeitos, um exilado, um líder sindical que foi preso várias vezes, e uma mulher também que foi prisioneira.
Aprendemos o fator de ir às ruas e mostramos um diferencial quando as pessoas foram às ruas demandar mais democracia.
Aqui não houve processo de abafamento desse fato, o valor de ir às ruas, de exigir mais direitos”, destaca.
Comissão da Verdade
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi criada pela Lei 12528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012.
A CNV tem por finalidade apurar graves violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988. Em sua fala a presidenta reforçou a importância da comissão para história.
“Repito o que disse dois anos atrás, quando instalamos a CNV: se existem filhos sem pais, pais sem túmulos, túmulos sem corpos, nunca, nunca mesmo pode existir uma história sem voz.
E quem dará voz a história são os homens e mulheres livres sem medo de escrevê-la. Quem dá voz a história somos nós, que no cotidiano, protegemos, e ampliamos a democracia no nosso pais.