Delator cita no Conselho de Ética o pagamento de US$ 5 milhões para Cunha

  • Agência Câmara
O deputado federal Eduardo Cunha, julgado por seus pares no Conselho de Ética da Câmara (Antonio Cruz/Agência Brasil)
O deputado federal Eduardo Cunha, julgado por seus pares no Conselho de Ética da Câmara (Antonio Cruz/Agência Brasil)

O proprietário do Laboratório Labogen, Leonardo Meirelles, confirmou há pouco ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados que três de suas empresas eram usadas para operar pagamentos de propina operados pelo doleiro Alberto Youssef.

“Ele usava minhas empresas no Brasil e no exterior tanto para receber quanto para pagar (propina). E, por conta disso, eu passei a freqüentar o escritório dele quase diariamente”, disse Meirelles, acrescentando que Alberto Youssef não costumava comentar a quem eram destinadas as transferências dos recursos.

Meirelles esclareceu que suas empresas eram utilizadas para simular operações de importação fictícias, com posterior remessa de recursos para o exterior. “Inclusive, sobre o assunto que estamos tratando aqui hoje, Alberto Youssef me chamou no escritório dele, informando que teria uma remessa maior, cerca de U$ 5 milhões, e haveria a necessidade de fazer um contrato de uma empresa no exterior com a minha, a RFY importadora e exportadora ltda”, disse Meirelles, em referência a suposta transferência de recursos ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Segundo ele, o contrato entre as empresas foi firmado em maio de 2012 e as transferências ocorreram em junho, outubro e novembro do mesmo ano.

“Apenas quando ele me comunicou, eu tive conhecimento que a empresa era de propriedade do senhor Júlio Camargo, porque, como eu disse, o senhor Alberto Youssef, não comentava o nome dos destinatários”, informou ao colegiado.

Segundo Meirelles, no dia de 8 de junho de 2012 foi feita a primeira remessa de US$ 2.349.982,74 para a conta da RFY, com sede em Hong Kong.

A suposta relação das transferências com Eduardo Cunha, segundo Meirelles, foi percebida por ele somente após as delações premiadas do próprio Alberto Youssef e de Júlio Camargo, suposto operador do pagamento de propinas ao PMDB por contratos firmados pela Petrobras.

“Uma semana após a primeira transferência, almoçando com o Alberto, eu vi o Júlio Camargo saindo do escritório do Alberto, fomos almoçar e ele comentou informalmente: você nem sabe a pressão que eu estava sofrendo, graças a Deus eu consegui concretizar aquela transferência grande, que foi lá pro Rio e que era do investigado aqui, Eduardo Cunha”, disse Meirelles, ressaltando que não era operador dos pagamentos e que nunca esteve com Cunha.

A testemunha também comentou que a partir das delações premiadas foi buscar informações nos extratos de suas empresas para confirmar as suspeitas.

“Após as delações, eu fui buscar as informações no meus extratos. E tenho certificados bancários de minhas empresas em Hong Kong atestando as operações”, finalizou Meirelles, reforçando que os documentos já fazem parte do termo de colaboração premiada firmado com o Ministério Público Federal.

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