Brasileiro ouve mais rádio na pandemia por causa da sensação de companhia
Psicóloga explica que a voz é afetiva e ajuda a espantar sensação de solidão provocada pelo isolamento na quarentena
Em meio às medidas de isolamento social impostas para prevenir o contágio e a disseminação do novo coronavírus (Covid-19), brasileiros têm ouvido cada vez mais rádio. Além de informação e entretenimento, esse meio de comunicação também é afetivo, porque transmite a sensação de companhia e nos afasta da solidão.
Essas são as conclusões tiradas da publicação feita nesta quarta-feira (16) pela Coluna TAB, do UOL, no texto intitulado “Fala que eu te escuto: por que ouvimos cada vez mais rádios e podcasts?”, uma colaboração de Kaluan Bernardo.
O autor cita pesquisa do Kantar Ibope Media, divulgada em março, segundo a qual “71% dos brasileiros afirmaram ouvir a mesma quantidade de rádio ou mais após as medidas de isolamento social, enquanto 20% disseram ouvir muito mais rádio após o início da quarentena”. Em menção ao Spotify, acrescenta que “o consumo de podcasts mais do que dobrou em 2020”.
Para entender as razões, ele ouviu a psicóloga Ingrid Cancela, da TopMed, que indicou a questão afetiva da voz. "A voz cria identificação afetiva. Do ponto de vista cognitivo, o som trabalha mais com a ideia de proximidade, enquanto as imagens têm mais ruídos e elementos que distraem", disse à publicação.
Essa afirmação, por sua vez, foi reforçada pela doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Júlia Albano, autora do livro "Rádio - a oralidade mediatizada".
Ao UOL, declarou que “quando o som é decodificado pelo nosso cérebro, primeiro ele passa por regiões ligadas à emoção e à memória. Só depois ele é interpretado pela razão".