A ternura e o tempo
Ele alto, um pouco arcado com o peso do tempo passado. Ela pequena. Os dois têm cabelos brancos como neve. De mãos dadas, me emocionaram. Senti que pudessem ter medo de uma separação. Que já tivessem sabendo que uma desassociação seria inevitável num dia bem próximo, de forma que se aproximavam ainda mais, o máximo que podiam.
Pensei que tivessem medo da perda do outro. Já teriam acertado tudo, as coisas materiais antes do dia fatal? Sabiam com certeza que o que ficaria sofreria a falta da presença do outro. Muitos casais que conheci que viveram tanto tempo juntos, não conseguiram continuar por muito tempo sozinhos, partiram no mesmo ano da perda do seu par. O outro era parte integrante de si, após dias e noites de convívio, de histórias vividas juntos. Tendo desaparecido, como continuar só, ou seja, sem o outro?
Melhor deixar tudo certo, papéis, relações... antes de fazer a “grande viagem”. Nesse tempo em que as ligações são efêmeras fico pensando no que os reuniram esses anos todos. A paixão, o amor, o cuidado com o outro de forma que puderam caminhar juntos esse tempo todo? Que forma mágina eles detêm, que sabedoria de vida são as deles que poderiam transmitir aos jovens “perdidos” de hoje?
Bom final de semana
Mazé Torquato Chotil