Após salvarem PM’s reféns em Caarapó, bombeiros são promovidos por bravura

Socorristas conseguiram libertar policiais que eram ameaçados de morte por índios durante conflito ocorrido em junho de 2016

  • André Bento
Viatura da PM em que estavam os policiais militares resgatados por bombeiros foi incendiada naquela ocasião (F... ()
Viatura da PM em que estavam os policiais militares resgatados por bombeiros foi incendiada naquela ocasião (F... ()

Três bombeiros que salvaram da morte policiais militares que eram feitos reféns por índios na tarde do dia 14 de junho de 2016 em Caarapó foram promovidos por ato de bravura. Os socorristas atuaram na negociação com os agressores e conseguiram libertar três PM’s que haviam sido espancados, já estavam amarrados e com os corpos lavados por combustível, prestes a serem executados.

Na edição de sexta-feira (7) do Diário Oficial do Estado, decreto assinado pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) promoveu por ato de bravura, à graduação de Cabo BM, os então soldados Elton Oliveira dos Santos, Jhonny Pereira Grubert e Lucimar Maciel Piveta.

Conforme a publicação, esses bombeiros foram promovidos “por terem praticado atos não comuns de coragem e audácia que, ultrapassando os limites do cumprimento do dever, representam feitos indispensáveis às operações desenvolvidas pela Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, devidamente comprovados em Investigação Sumária por Conselho Especial designado pelo Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado”.

A OCORRÊNCIA

A vida desses militares começou a mudar na manhã do dia 14 de junho de 2016, uma terça-feira. O relógio do 9º Subgrupamento de Bombeiros Militar de Caarapó marcava 10h51 quando houve o primeiro chamado, feito por um morador da Aldeia Te' Ýikuê. “Nos informaram que havia ocorrido o conflito e tinha gente ferida. Mandamos uma equipe de resgate e acionei todo meu efetivo para irmos ao local com outra viatura de resgate e uma administrativa”, informou à época o major Humberto Matos, que havia assumido o comando da unidade seis dias antes, em 8 de junho.

Na ocasião, conforme posteriormente confirmado pelo MPF (Ministério Público Federal), fazendeiros dispararam com armas de fogo contra índios que ocupavam a Fazenda Ivú. Seis deles foram feridos e o agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, de 23 anos, morreu antes de chegar ao Hospital São Mateus. Nem deu tempo de os socorristas chegarem à aldeia e já no caminho as viaturas davam de encontro com carros transportando feridos.

“Nós fazíamos os primeiros atendimentos e trazíamos as vítimas para o hospital. Todos feridos por arma de fogo”, detalhou o comandante dos bombeiros na época. E foi em um dos retornos à área de conflito que os bombeiros se depararam com três policiais militares e o motorista de um caminhão feitos reféns por índios.

Os PM’s haviam ido ao local em apoio aos socorristas, mas diante do clima tenso foram abordados, algemados com os próprios equipamentos e agredidos. Gasolina foi jogada em seus corpos, que só não foram incendiados vivos graças à rápida intervenção dos bombeiros, que precisaram negociar com os agressores para resgatar os reféns. A viatura da PM, um caminhão e uma colheitadeira foram incendiados.

Elton Oliveira dos Santos, Jhonny Pereira Grubert e Lucimar Maciel Piveta estavam em uma das viaturas de resgate enviadas ao local e quando retornava à cidade com os policiais feridos, ainda precisaram passar por um bloqueio na estrada feito por índios. Naquele momento, mais uma vez agiram com bravura ao despistarem possíveis agressores aconselhando os PM’s a se esconderem sob as macas e transportadas na viatura.

O agora cabo Elton Oliveira dos Santos atualmente está lotado no 2º Grupamento de Bombeiros Militar, em Dourados. Jhonny Pereira Grubert e Lucimar Maciel Piveta continuam atuando no 9º Subgrupamento, em Caarapó.

 

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