Prefeitura deixa crianças fora das creches e mães vivem drama em Dourados

Mães não conseguem vagas para filhos nas creches do município e vivem drama em Dourados (André Bento)
Mães não conseguem vagas para filhos nas creches do município e vivem drama em Dourados (André Bento)

A falta de vagas nos Ceims (Centros de Educação Infantil do Município) de Dourados continua a ser um problema grave. Se em 2014 a prefeitura deixou 3,3 mil crianças sem atendimento, neste ano que mal começou a história tem se repetido.  

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Mães que moram no Jardim Guaicurus, onde a construção do maior Ceim do município está atrasada há três anos, procuraram a 94 FM para fazer um apelo. Embora a unidade ainda não tenha sido inaugurada, o município designou vagas para aulas que só devem começar dia 23. E mesmo assim não conseguiu atender a todos.

“A creche do Guaicurus não é suficiente nem para as crianças que moram no bairro. Não consegui vaga para minha filha de 4 anos, do pré II. É um direito da minha filha. Ela não se conforma, porque quer estudar. Não sei o que fazer mais”, desabafa Eliene Mendes Lorandi, diarista.

Situação semelhante vive a também diarista Débora Rego dos Santos, que só conseguiu vaga para a filha de cinco anos. “Minha outra menina, de três anos, ficou sem ter onde estudar”, afirma. “Somos diaristas. Tem gente que não trabalha e conseguiu”.

Gabriela dos Santos, outra diarista, mora no Dioclécio, um conjunto habitacional extremamente populoso localizado ao lado do Jardim Guaicurus. Como não tem qualquer creche na localidade, recorreu ao Ceim vizinho, mas não obteve vaga para a filha de dois anos.

Essa incapacidade do município de atender crianças em idade pré-escolar gera um drama para essas mães. Segundo elas, sem ter um lugar seguro para deixarem os filhos, precisam atuar como diaristas, não conseguem emprego fixo e por isso não têm como comprovar o vínculo empregatício necessário para obter vagas nas creches públicas.

“[Para obter a vaga] tem que comprovar que trabalha com holerite ou declaração que trabalha”, explica Eliene. Na fila de espera, ela diz ter sido aconselhada pela Secretaria de Educação a aguardar. “Enquanto isso estou perdendo de trabalhar registrada”, pontua.

Ela informa já ter procurado alternativas, mas todas pareceram inviáveis. “Babá pede R$ 400 por criança. E a maioria dos serviços que eu acho paga no máximo R$ 900. E tenho que pagar aluguel”.

Débora critica ainda a demora da prefeitura para divulgar a lista com a designação das vagas. Segundo ela, a lista saiu na segunda-feira (9), por volta de 9 horas. "Era para ter saído na semana passada”.

E mesmo com uma das filhas matriculadas, a incerteza permanece. Isso porque o Ceim do Jardim Guaicurus, cujas obras deveriam ter sido finalizadas em 2012, ainda não está pronto. “Dizem que as aulas começam no dia 23”.

Eliene critica o abandono do Jardim Guaicurus. Ela lembra que quando sorteou as casas da região, o que inclui centenas de apartamentos do Dioclécio Artuzi, a prefeitura sabia o número de famílias que ali residiriam, com detalhes sobre a quantidade de crianças e respectivas idades.

Essas mães planejam uma manifestação em frente ao Ceim do Jardim Guaicurus no próximo dia 23. Isso caso não sejam atendidas até lá.

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