Paulo Leminski: Cachorro Louco e Poeta Maldito

Paulo Leminski: Cachorro Louco e Poeta Maldito

 

 

 "Parem

eu confesso

sou poeta

cada manhã que nasce

me nasce

uma rosa na face" – Paulo Leminski

 

Em tempos de grandes perdas para nossa literatura, eis que resolvo homenagear o nosso cachorro louco: Paulo Leminski. 

Óculos, bigode comprido quase em linha reta, pouco sorriso, mas com um grande coração de poeta. Era músico, compositor, escritor, tradutor, crítico literário e professor e não menos importante também foi lutador de judô. Esse era Paulo Leminski. Curitibano, poeta profissional, e também amador. Alma feita de dor e de poesia. 

Em 24 de agosto, deste ano, Leminski, completaria 70 anos, mas ainda que assim não seja, 25 anos depois de sua morte, ainda continua a inspirar, a nos fazer amar e chorar.

Vivia e nascia todos os dias, como muitos Paulo's, mas ele só sobrevivia porque era Leminski, o Poeta e atleta, foi Cachorro louco, poeta maldito. Como melhor lhe aprouver caro, Leitor, mas ainda que fosse cachorro ou maldito era Poeta.

Ah que dádiva, pode ele interpretar seus sentimentos em forma de literatura e canções. Poeta que tem como marca aquele bigode comprido e mal cortado, Leminski era simples em palavras, mas profundo nos sentimentos.

Talvez esse fosse o seu segredo: as palavras mais simples e fugazes nos deixam em catarse.

Entre tantos poemas, escolhi alguns para ilustrar a maneira poética que talvez Leminski enxergasse a vida:

 

O amor segundo Leminski:

 Amor, então,

também, acaba?

Não, que eu saiba.

O que eu sei

é que se transforma

numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva.

Ou em rima.

 

Sobre o destino:

Não discuto

não discuto

com o destino

o que pintar

eu assino.

 

E os problemas?

Bem no fundo

No fundo, no fundo,

bem lá no fundo,

a gente gostaria

de ver nossos problemas

resolvidos por decreto

a partir desta data,

aquela mágoa sem remédio

é considerada nula

e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,

maldito seja quem olhar pra trás,

lá pra trás não há nada,

e nada mais

mas problemas não se resolvem,

problemas têm família grande,

e aos domingos

saem todos a passear

o problema, sua senhora

e outros pequenos probleminhas.

 

Sendo o ser, Leminski falou:

Incenso fosse música

isso de querer ser

exatamente aquilo     

que a gente é

ainda vai       

nos levar além

 

Uma poesia e um coração

Quem nasce com coração?

Coração tem que ser feito.

Já tenho uma porção

Me infernizando o peito.

Com isso ninguém nasça.

Coração é coisa rara,

Coisa que a gente acha.

E é melhor encher a cara.

 

 

 

 

 

 

 

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